Hoje meu dia amanheceu com cores. Vi através dos vitrais da minha janela. Essas cores eram os lençóis, com cheirinho de amaciante, que minha mãe estendia no varal. É tão bom ver o sol depois dos dias cinza da Capital. Eu costumava adorar tempo chuvoso, isso na época em que eu estava de férias, que eu ficava debaixo de uma coberta assistindo desenho. Para quem tem necessidade de sair cedo para trabalhar não vê graça em dia de chuva. Para quem tem uma casa para zelar, chuva é sinônimo de empecilho: as roupas nunca secam direito, as limpas ficam com cheiro de mofo e sempre faz lama na porta da sala. Cheguei à conclusão que chuva não é bom para quem tem responsabilidades, só para aqueles que têm a dádiva do tempo livre para aproveitá-la, quem sabe até tomar um banho. Dizem que limpa a alma e dá resfriado. Prefiro meu bom e amado Sol, aprendi a apreciá-lo por ser antônimo de chuva.
Hoje meu dia amanheceu com cores, apesar de não ter visto Iris faz tempo. É bom ter caído doente para lembrar o privilégio que é estar saudável. Ver cinza para lembrar das cores, emagrecer e depois lembrar sabores, cheiros, beijos... Infelizmente somos humanos ao ponto de precisar sentir falta para reconhecer. Seria mais fácil se fossemos gratos por tudo, mas talvez perderíamos a vontade de querer mais. Perdida nesses pensamentos, só reafirmo o meu clichê que é preciso se perder para poder se encontrar.