terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quimera

Hoje compro quimeras compulsivamente. Como aquelas consumistas que têm trezentos pares de sapato e apenas dois pés. Depois, esqueço o sonho no canto, como quem joga um presente e espera usá-lo na melhor ocasião. Nenhuma ocasião parece ser digna, então o presente acaba por não ser usado...
O melhor momento, a melhor oportunidade. Essas coisas parecem ser difíceis de se identificar. Cadê aquela janelinha que deveria se abrir quando uma porta se fecha? Sabe o que é... porque é mais fácil saber o que não se quer a saber o que realmente se quer.
Somos tão jovens e até parece que dá tempo pra ser tudo.
Não, a vida nos pede uma coisa bem mais específica: O que você quer ser?
Respondida a pergunta, a próxima já não é tão difícil : Como fazer para ser?
Respondida essa pergunta, sugirão tantas outras perguntas que acredito que não há momento na vida que não necessite de uma incógnita. As interrogações são o movimento: retilínio, circular, constante, acelerado...


Sonhos... alguém me vende um?

Operação de mudança

- Mãe, eu tiro a pinta ou não?
- Minha filha, você sabe que é uma operação complicada, você pode perder um pouco da sensibilidade, do seu prazer...
- Mãe, eu tô falando dessa pintinha que eu tenho no canto da boca... ¬¬'

sábado, 20 de novembro de 2010

Porque nesse ano o verão acabou cedo demais

"Eu só queria que todas as minhas raivas
fossem motivo suficiente
para lhe tirar da minha vida.
Mas é tudo ingenuidade demais
para ser levado a sério.

E para quem perguntar na rua
direi que estamos muito bem 'obrigada'
Para quem perguntar o que quero
ficarei em silêncio
Para quem souber ouvir no silêncio
ouvirá baixinho
'Amigo, me desespero'

Por que eu não sabia o que era bondade
antes de te conhecer
E eu já não sei como findar
sem te perder

sem me arrepender."

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Aprendi com o Enem...

É, confesso, fiz essa prova ridícula e vou compartilhar com vocês algumas coisas que aprendi no Enem...


*Que depois da ditadura militar, a única forma de tortura que sobrou foi o Enem.
*Que os caras do Inep curtem Coldplay e Tribalistas
*Que preciso de rascunho na parte Ciências Humanas, já na Ciências da Matemática não.
*Que minha mãe estava errada em mandar eu sair da internet, só caiu coisa relacionada a isso.
*Que não posso usar relógio, pois posso virar o Ben 10!
*Que Júpiter anda soltando o anel.
*Que preciso estudar para poder responder 180 questões e entrar em uma um Universidade pública. Já Tiririca só precisa fazer um ditado para ser deputado
*Que a cor amarela não atrai dinheiro, e sim um erro de impressão
*Que deveria ter tido aula com o Bernardinho
*Que talvez exista lápis com calculadora, relógios com bluetooth, borrachas com Wi-fi e apontadores com internet..é a tecnologia!
*Que se o Santos vender o Neymar ele pode comprar o Acre.
*Que Tiradentes foi separado de Jesus na maternidade.
*Que agora eu vou amassar o Absorvente, porque superfície dobrada absorve mais que superfície Lisa.

Fonte de pesquisa: Twiter

domingo, 7 de novembro de 2010

Gaveta

Sentia-na cada vez mais distante. Eram sempre tantos motivos que, no fundo, ele achava que não havia motivo algum. Aquela dança estranha, cheia de lágrimas e incógnitas, ele sabia que isso tudo significava algo, mas não conseguia entender. Seria falta de flores ou chocolate? Não, ele sabia que falta de algo bem mais difícil, algo que ele pensava dar em abundância, mas que, por algum motivo, não era mais suficiente.
Ela deixou um vazio bem maior do que o das duas gavetas da cômoda e um cantinho para sapatos no guarda roupa. Cada relação é feita de altos e baixos, mas como identificar o que é baixo e o que é fim?
Ele pensava que tudo era fácil...
É bem mais que um encontro semanal.
mais que uma ligação durante a noite.
mais que um presente no dia doze.
é bem mais que uma vida: são dois corações.
E agora? O que fazer enquanto o sonho escorre entre os dedos? São grãos tão finos, impossíveis de ser contidos. O que se sabe é que é possível salvar um punhado na palma da mão.
Parou e pensou se era realmente aquilo que queria: apenas um punhado.
Sentou e esperou enquanto olhava as gavetas, na angústia de saber se queria correr e procurá-la, ou se preencheria a gaveta com velhas fotografias.

domingo, 24 de outubro de 2010

De mim para ti

A postagem dessa semana está em outro blog que gerencio e que tenho muito apreço:

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O nascimento do Amor

Uma música conhecida pela sua beleza na composição, sem tirar também o mérito de seus cantores que a entoa tão bem, é Meu Eu em Você, de Victor e Leo.
Em certo trecho da música ele canta: “Sou teu tudo, sou teu nada.”
Muitos podem pensar “Que tolice essa contradição”, talvez o ‘nada’ só esteja ali para rimar com ‘amada’ no verso seguinte. Porém, talvez, poucos tenham entendido a plenitude de tal afirmação. Rapidamente, fui tragada ao momento em que ouvi o mito grego sobre o nascimento do amor, mito esse que tentarei reproduzir:

Após o nascimento de Afrodite, os Deuses do Olimpo se reuniram para um banquete. Nele também estava Poros [Riqueza], filho da Sabedoria. Pênia, a Pobreza, apareceu no fim da festa para mendigar os restos do banquete. Poros se embriagara e dirigiu-se ao jardim de Zeus, Pênia o seguiu, aproveitou-se da oportunidade, deitou-se com ele, e juntos conceberam o Amor.

O Amor seria então filho daquela que dá tudo de si, para alguém que tem tudo e não quer nada...

“Condenado a uma perpétua indigência, está longe do requinte e da beleza que a maior parte das pessoas nele imaginam... Rude, miserável, descalço e sem morada, estirado sempre por terra e sem nada que o cubra, é assim que dorme, ao relento, nos vãos das portas e dos caminhos: a natureza que herdou de sua mãe fez dele um inseparável companheiro da indigência. Do lado do pai, porém, o mesmo espírito ardiloso em procura do que é belo e bom, a mesma coragem, persistência e ousadia que fazem dele um caçador temível.” ¹


¹ Platão. O Banquete. Maria Teresa Nogueira Schiappa de Azevedo. Lisboa: Edições 70, 2001, pp. 71-2)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Família Saúde IV

-Mãe, por que Tamyle e não Tamires...? O que custa escrever um nome que todo mundo conhece. Um nome mais simples.
- É verdade... devia ter colocado o seu nome de Mariá...
-Mariá? Pra quê esse ááá... por que não só Maria?
-E que tal Bruma?
- Com ‘M’? Ah, mãe, esquece...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sem direção

Andava pelas ruas molhadas. Ela sabia o caminho de cor, mas parecia que estava perdida. Lábios pintados de rosa. Encontra uma vizinha, faz um bico enorme, solta um beijo. Riso forçado, piada preparada, ela estava blefando.
Chegou a casa, trancou-se no quarto e chorou. Talvez sejam as baixas taxas de hormônio decorrentes do período pré-menstrual...


- Não, narrador, basta dizer que é tristeza.

Jamais subestime uma lágrima. O homem é o único ser vivo capaz de chorar por emoção. Tolice para quem olha, um mar no peito pra quem chora.
Enxuga a lágrima, retoca o batom. Sua vontade é de tirar a calça jeans apertada, tirar todas amarras dessa vida, toda censura e andar mais uma vez por estradas que conhece de cor, mas fingindo que não tem direção.


Brígida Lobato

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Menina

Estava tudo revirado. Culpa do Zeca Baleiro.
Mosaico. Era bem isso que parecia. Retalhos brancos, azuis, verdes, em forma de coração, com cheiros e adesivos. Eram minhas cartas, que recebi com tanto apreço e que, por pouco, perdi.
Traças! Por medo de perdê-las totalmente, publicarei algumas com a autorização dos devidos remetentes. Espero que gostem!


... em sua cabeça, tudo funciona tão certo. Não há contradições no seu mundo. Dá pra sentir a leveza dos seus pensamentos e a firmeza de sua postura. Dá pra ver a maturidade outorgada, que bateu na porta anos antes do que deveria.
A doçura no seu comportamento me faz ansiar vê-la mulher, estar diante da criatura que ela se tornará. Assim espero ver: um mundo de possibilidades que lhe é bem típico. A esperança gratuita que ela deixa transbordar.
Menina que não é apenas menina, parece ser a junção dos meus sonhos e dos meus temores, dos mistérios que fazes questão de ter e que faço questão de desvendar...
[...] Tamy, essa é a minha menina que estou apaixonado. É grande a diferença de idade, o que faço?

[A. Jota]



Caro A. Jota,

Se por essa menina vale o risco de ser preso... pode cair pra dentro...
rsrs

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

E se o Sol não existisse?

“Sinto falta de você e a palavra que me cura ninguém vai dizer, cada coisa que eu consigo quero dividir contigo...”

Não sou fã de sertanejo, mas tenho um apreço por essa música. Ela é romântica, mas sempre achei que os maiores amores que vivemos são pelos nossos amigos. Não posso generalizar, essa é uma opinião bem particular. Arrancar meus amigos de mim é como fazer parte de minha vida perder o sentido. É acordar e não saber o que fazer. É querer escrever uma história sem personagens. Não, minha vida não serve de monólogo.

"Em todos os cantos, o nosso canto se ouvia, e hoje o céu aparece nublado, as minhas manhãs não têm a mesma cor, as minhas tardes não têm o mesmo sabor... E nós que antes ríamos daquela pergunta, hoje sabemos o que é viver com a ausência de sol."

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Família Saúde III

(a vingança)
-Filha, corta aqui essas verduras que eu estou com um calo enorme no meu dedo.
-Eu vou pegar o facão e decepar logo seu dedo, mãe.
-Olha menina, eu vou pegar esse facão e vou enfiar...
-A cebola também, mãe?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Família Saúde II

- Mãe, não posso lavar o banheiro, meu dedo tá dodói. Olha só esse corte.
-Péra, que eu tenho remédio.
-Mãe! Que facão é esse?
-Eu vou arrancar ele fora e...
-Tá bom, mãe, já tô pegando o balde.

domingo, 8 de agosto de 2010

Semeando felicidade

- O celular toca, saio correndo para atender. Não é o meu.
Bem que eu esperava uma ligação, não de um alguém especial, mas de qualquer um que lembrasse de mim e resolvesse falar um“Oi!”.
Agenda cheia para o fim de semana, não para o meu, ele será repleto de monotonia. Semana pacata. Vai passar um filme inédito na tv. Não pra mim. E ainda me perguntam o porquê de tanta nostalgia.
Vivo reclamando da falta de tempo, mas sempre acho que passo muito tempo sem fazer nada. Percebo que o meu tempo, tão escasso tempo, é apenas mal dividido.
Percebo que mal dividido também são os meus sorrisos...

Nós perdemos tempo demais... Afastamos gente querida, somos inconseqüentes, como se tivéssemos todo tempo do mundo para acertar... no FUNDO todo mundo quer ser feliz. Se fôssemos como deuses mitológicos, poderíamos errar a vontade e teríamos tempo infinito para consertar tudo, mas quando vamos nos dar conta que não somos?
Precisamos ser mais humanos, mais solidários. Vai que as coisas passam e a gente deixa escapar abraços, momentos... NÓS não temos todo tempo do mundo e ao invés de vivermos por viver, achando que o mundo gira em torno do nosso umbigo, deveríamos viver buscando proporcionar felicidade para os outros, acertando mais. O erro é inevitável, mas não podemos deixar nenhuma oportunidade de ser melhor escapar.


- Obrigada, Consciência.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O abraço que eu não mandei

“É tão estranho.
Os bons morrem jovens.
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais.”¹

Não era alguém tão próximo assim, mas era alguém que mês passado estava conversando comigo na calçada, tão viril. Via-o esporadicamente, mas cultiva grande admiração. Não é aquela história de ‘ depois de morto, todo mundo vira santo’, é que eu sempre procuro ver o maior expoente de cada um. Na nossa última oportunidade juntos ele me fez um pedido: Manda um abraço pro teu irmão! Esqueci de mandar o recado, pois imaginava que, em breve, ele mesmo poderia dar esse abraço. O breve não chegou.
Foi uma perda difícil de ser percebida, mas quando notificada me causou grande estupor e tristeza. Essas coisas nos fazem pensar sobre como a vida é um cristal frágil, como cada oportunidade pode ser única, como cada abraço pode ser o último. E não importa quanto mais robusto, jovem, saudável a pessoa possa parecer, ninguém sabe a hora que ela pode dizer adeus a nossa vida.
Se ele ainda estivesse entre nós agora, pediria para não ficarmos tristes.
Desculpas, querido, alegres não dá para ficar.
Ele deixou uma mulher e filha lindas.
Ele deixou alunos sedentos.
Ele deixou saudades.

“Diante da morte a humanidade, perplexa, fica repetindo as mesmas eternas considerações, já tão gastas, porque nada de novo se pode realmente acrescentar.” ²



¹- Love in the afternoon, Renato Russo.
²- Menino Valdir, Milton Dias

terça-feira, 20 de julho de 2010

Hoje II

Hoje, acordei com um ar meio Zeca Baleiro, com uma vontade danada de mandar flores ao delegado... Acordei com uma vontade de vasculhar as gavetas, trocar os móveis de lugar, começar tudo do zero. Desisti depois dos primeiros espirros, após mexer nas velharias. Pude achar ainda umas cartas. Nelas, declarações de coisas que julgava que seriam eternas. Um bom exemplo disso é o dia de hoje, dia do amigo, em que não pude ver minhas amigas. Prometi por mil vezes que pelo menos nas datas importantes nos veríamos. Não pude evitar as mudanças na minha rotina: o imprevisto, o possível estágio, o trabalho de sociologia que adiei pela trigésima sétima vez... (ao invés do delegado, acho que vou mandar flores para a professora) E o tempo, meu escasso e mal dividido tempo, não me permitiu cumprir essa promessa.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mudam-se o ser. Todo mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades¹ (não necessariamente qualidades).
Juro que não queria ter esses trabalhos chatos, esses horários, essa dinâmica contraditoriamente parada, monótona. Por isso acordei com uma vontade louca de mudar. Comecei pelo lado errado, porque mudar meu quarto de lugar não significa deixar de acordar às seis da manhã, ou fugir de lavar o banheiro aos sábados, isso também não me permitiria ver quem eu gosto exatamente quando eu quero. Mas como mudar? Como fazer revolução na minha vida? Posso até encontrar resposta nas minhas vãs filosofias que vendo com tanto apreço. Dizem que o micro está no macro e vice versa, então... Começarei pelo meu quarto.

¹- Made in Camões.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Chave

Talvez a culpa não seja só minha.
Talvez seja. Já nem ligo.
No começo é o cheiro, o gosto, o som.
Depois se sente um perfume vagabundo, volátil.
O gosto insosso.
A minha melodia já nem combina com o tom da tua voz.
E depois me pergunto como posso ter errado tanto.
Aí paro. Olho em volta. Escuto-te.
Penso quão pequena é minha visão.
Delimito o céu.
Tão amplo e, ao mesmo tempo, tão pequeno em relação e as minhas e as tuas projeções.
Talvez se eu fosse mais condescendente.
Se eu fosse mais rigoroso...
Talvez se eu não tivesse começado.
Não, eu não poderia ter mudado tudo, não sozinho...
Olho para trás...
Já tem meio caminho andado.
Uma estradinha torta à direita
Em frente, a continuação do meu percurso, que vai se estreitando.
Voltar. Não, isso é impossível.
Sentar e chorar?
Chorei a tarde inteira, por tudo que ainda não vi.
Fecho os olhos e sigo o vento.
Deixo minha sorte entregue ao acaso.
Talvez a culpa não seja só minha...

“ É como se tivesse em minhas mãos as chaves da ventura
E um incerto destino desditado...”
¹

1-Pablo Neruda.Presente de um poeta. Tradução Tiago de Mello.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Intuição

Todos estavam num clima de despedida, abraçam-se e beijavam-se embevecidos pela tarde maravilhosa que passaram juntos...

Quando acabam os estudos é assim. Vai cada qual pro seu lado, uns arrumam empregos, outros entram na universidade, outros ainda não sabem ao certo o que querem, mas algo é comum: a falta de tempo para o reencontro. Este é sempre caloroso se for amiúde, mas se demora muito tempo, parece que os assuntos escapam e que os gostos não são tão comuns.

Apesar de o encontro ter demorado um pouco mais, todos ficaram à vontade.
Os abraços eram bem apertados, daqueles de estralar a costela. As mensagens de bem querer eram rasgadas aos quatro cantos. Algo, em especial, marcou-me feito tatuagem. Foi um abraço que demorou mais que de costume e que veio acompanhado da frase: Eu não quero te soltar. Eu também não queria lhe soltar.

Somente entre amigos eu poderia sentar de perna aberta, falar as minhas garfes, expor sem medo as minhas idéias. A saudade já estava sendo fabricada e seria então embalada após a saída por aquele portão. Carregaria o peito de cada um ali e seria massacrada na próxima data marcada. Mas enquanto isso, ela massacraria nossos corações. Uma lágrima me veio ao canto do olho, mas não caiu. Como poderia uma frase dessas me causar tanto estupor, causou-me porque há veracidade nela, senti isso naquele abraço.

“Recentemente a física quântica fez uma descoberta surpreendente: duas partículas que caminham juntas, quando separadas no espaço, movem-se na mesma direção. É isso que acontece com duas pessoas conectadas emocionalmente. Quando uma delas precisa da outra, a outra sabe. A intuição é um elo entre elas.” *




*Entrevista à Sharon Franquemont, Revista VEJA.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Licença

-O que há com ele?

-Deve estar embevecido com as cores. É poeta, tem permissão para ser melancólico. Isso o afastou do seu lar, mas o manteve livre. Acho que ele pode mudar de idéia sobre qualquer coisa, sempre que desejar. Quando encontra alguém como você, tem liberdade para acreditar. E se você conseguir mudar a opinião dele, conquistá-lo, decerto ele sentará e porá essas idéias numa peça, ou poema e todos o admirarão por sua flexibilidade.




Diálogo do filme " Ponto de Mutação"

terça-feira, 1 de junho de 2010

Não é para você

-Você nunca dançou comigo. –Indagou a moça.

Os dois corpos começaram a balançar juntos. Não havia um ritmo definido, eles dançavam uma música própria.
Ela estava na ponta dos pés, sentia o vestido longo tocar os seus calcanhares. O tecido fino deslizava dando leveza aos movimentos. A maquiagem borrava, ela limpava o lápis preto que, minutos antes, destacava-lhe o olhar, mas agora só lhe enegrecia as faces. Sabia que aquilo só piorava as coisas, mas ela não podia se privar de ter sua primeira e última dança. Estava indecisa. Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que deveria querer outra coisa.¹
Ele. Talvez nem passasse por sua cabeça o que estava prestes a acontecer. Não conseguia saber o que ela tanto pensava, o porquê do olhar perdido, do choro escuso. Ela não queria parar de dançar. Sabia que depois da dança teria que dizer algo, dar uma explicação para aquilo que ela não sabia explicar nem para si mesma. Ele parou de dançar, já não havia mais escapatória.
“Desculpa dançar quando deveria ser indiferente. Desculpa querer te beijar quando deveria dizer adeus.”
Esse discurso não existiu. Ela o engoliu a seco. Mas como ele não poderia ter existido? Se estava vivo dentro dela...
Ela sorriu, um riso que agredia seu rosto. Ambos foram até a porta, combinaram horários, como de costume, beijaram-se na despedida. Ele acenava convicto de vê-la no próximo fim de semana. E verá. Até o dia que ele conseguir ouvir no silêncio.
Vendo-o indo embora, pensava e repensava se era mesmo aquilo que queria: vê-lo partir. Sentou e esperou sentir a saudade, como se ela personificada viesse, chamando-a para mais uma dança.

- Quando ele irá perceber? –Indagou a moça.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Família Saúde

Sentada na sala, olhando por vitrais o meu jardim, uma visão agrediu-me inescrupulosamente. Meu irmão apareceu, em plena pior forma física, fazendo uma dancinha tosca. Minha primeira reação foi um olhar de reprovação, mas meus lábios não resistiram e deles se desprendeu um riso furtivo.
Apenas o fato de estarmos em casa, no seio da nossa intimidade, permitiu esse momento de alegria gratuita. Sem pejoratividade, apenas besteiras que ajudam a quebrar a visceralidade do dia a dia...


- Pior forma física?
-É, Amadeu, não gostou?
- Não. Você está denegrindo a minha imagem.
-Você se enche de suplemento alimentar para engordar e quando eu te chamo de gordo você se sente ofendido?
- Pior forma física. Você não especificou se eu era um magrelão ou se eu estava GORDO!
- O que vocês estão falando de mim? - veio uma voz da cozinha.
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk! Da Senhora mãe?
- Vocês estão me chamando de gorda é?
- Ê, família saúde!



E mais uma vez minha postagem perde o propósito inicial. Sempre perco o foco. Vai entender?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Às vezes

Às vezes acontece, essa vontade repentina de chorar, essa lágrima furtada, essa vontade de parar, de apenas existir e deixar as coisas se moverem ao meu redor.
Às vezes acontece, sentir vontade de abraçar o primeiro estranho que passa na rua, dançar com a vassoura, beijar o cachorro.
Às vezes acontece, ver sua história ser escrita por outra caneta. Aceitar o papel de coadjuvante -ou até mesmo figurante- na sua própria vida.
Às vezes acontece, ser testado pela vida, ver o que se quer na hora que não se pode ter. Ver o que se tem, na hora que não se quer.
Às vezes acontece não entender o que está acontecendo, não ver o amor que lhe bate a porta.
Às vezes acontece, tomar as rédeas, começar a dieta, arrumar aquela gaveta e começar meu projeto na mesma segunda feira.
Às vezes, tanta coisa acontece e a gente não sabe dar por isso muito bem.
Coisas acontecem, ainda bem que é só às vezes...


(Brígida Lobato)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Filha de Rapariga com Soldado!

É assim que, comicamente, minha mãe chama quando quer me dar um puxão de orelha. Ela defende a afirmativa veementemente, pois meu pai já serviu às forças armadas e ela se diz uma jovem e ingênua rapariga -no contexto de Portugal, viu- quando o conheceu.
Lembro-me de já ter ouvido minha avó chamá-la da mesma forma, virou quase uma pilhéria hereditária. Talvez ela nem saiba ao certo o que isso quer dizer, mal sabes que acerta em cheio na brincadeira.
Vou para a época da Segunda Guerra Mundial. Os militares, geralmente recém chegados em cidades como Fortaleza, por exemplo, tinham o hábito de se envolverem com moças locais. Chamavam-nas para conhecer a tal Coca Cola e, de um breve envolvimento, elas apareciam com um ‘primo’ para criar. É, esses são os filhos da Coca Cola... filhos de raparigas com soldados.
“Somos os filhos da revolução, somos burgueses sem religião...” Porém não foi se referindo a esse ilustrativo contexto que Renato Russo criou esta letra. Ele falava da opressão, da manipulação de informação que acabou por estagnar o conhecimento e criou uma geração descartável.
Mas nossos pais, muitos deles venceram. E hoje nos dão tudo que eles gostariam de ter tido. E muitos dos jovens de hoje, ao invés de aproveitarem as oportunidades que eles nos proporcionam, preferem entorpecerem-se com divertimento banal e um conhecimento vulgar.
Ainda há aqueles que apreciam boa música, bons costumes, boas oportunidades. Jovens que têm perspectiva. Afinal: “Somos o futuro da nação.”
Pensarei bem antes de repassar a anedota aos meus filhos. Será que ainda poderei chamá-los de filhos-de-rapariga-com-soldado, ou apenas filhos-da-mãe, talvez filhos-de-laboratório...
Quem é que vai saber?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Canis Familiares

Há oito anos ele veio a minha porta: olhar pidão, frágil, inocente, apaixonante. Perguntei do que se tratava, mas a única frase que me disseram foi: “Ele será seu!”. Aquela frase perdurou em meus ouvidos. Mas como, meu? Via-me com um misto de realização e dúvida. Apenas aceitei-o em meus braços para chamá-lo de filho.
Simba é seu nome. Dos clássicos da Disney, herdeiro do Rei das Selvas. Jamais imaginei que uma bolinha de pêlos com menos de três palmos de tamanho preencheria uma casa inteira de alegria. Ele já nos rendeu milhares de histórias e eu não podia imaginar as peripércias que um cachorrinho poderia render. Simba segue fielmente os primeiros mandamentos do preguiçoso:
* Durma para viver e viva para descansar.
* Se você ver alguém descansando, ajude-o.
É ver versão canina do Garfield. Atualmente ele anda maio sentimental: se alguém sair de casa sem avisar para onde vai e se chateia e provavelmente aprontará alguma para quem não lhe deu satisfação. É vigia que dorme em serviço, não nos livra de qualquer ladrão que nos possa invadir – basta que este lhe jogue uma bolinha. Dentre alegrias e dissabores, esse é Simba, vulgo “Sá mamãe”, o meu fiel (nem tanto) amigo canino.

domingo, 25 de abril de 2010

Eduardo e Mônica

Para você que gosta de melosas declarações de amor, deixo apenas uma poesia com a inicial do teu nome, talvez nunca saibas que lhe pertence.
A você que quer minha superproteção, deixo apenas uma singela oração feita antes de dormir. Sou pávida criança que viu sua canção virar realidade, canção tantas vezes cantada, almejada, recriada. Pávida, por não saber dar metade do que gostaria, metade do que recebi. Talvez só metade lhe bastasse, porque são de duas metades que se faz um todo. Criança porque a cada minuto descubro adjetivos diferentes para a vida.
A você que merece toda felicidade do mundo, deixo apenas a lembrança de uma tarde ventosa, um banco, um sorvete, um beijo, um crepúsculo.
A você que merece uma trilha sonora, deixo apenas uma canção que não foi feita por mim e não narra a nossa estória.

"E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração e quem irá dizer que não existe razão?"

terça-feira, 20 de abril de 2010

Chocolate

Primeiro, segundo, terceiro chocolate que degusto em menos de trinta minutos enquanto me delicio lendo um bom livro. O chocolate estimula a produção de uma substância chamada Serotonina que proporciona um leve bem estar. Mas quem quer saber sobre as propriedades do chocolate? Quem quer saber sobre a minha tristeza? Apenas essa folha de papel parece condescendente ao meu sofrimento e me deixa cosolar-me em sua brancura de paz. Fazendo-me abandonar por alguns instantes a leitura do meu livro, que devoro com tanto apreço. E com esse mesmo apreço o recebi: com páginas amareladas, com um cheirinho de velho, mas, por tê-lo ganhado recentemente, não meço esforços para apresentá-lo como meu mais novo livro! Leio relatos de tristeza, de alguém que sabe descrevê-la bem melhor que eu, pelo seu abundante conhecimento de metáforas e adjetivos que entraram em desuso na época que nasci. Palavras não deviam morrer, mas infelizmente morrem, ou melhor, seu verdadeiro significado morre para nós, que absolvemos com facilidade tantas contrações que economizam tempo e sabedoria. Mais uma vez, comprovo aqui minha incompetência com as letras: falei de chocolate, tristeza, palavras, sem realmente achar o contraponto que os uni. Apenas escrevo, com bastante hostilidade, mas escrevo. Quarto chocolate que como no meu quarto, enquanto escrevo sob a meia luz que bate no papel, terminando a incoerência do meu relato. Já pensando em qual tema degustarei na próxima página, feito chocolate, pois estas linhas parecem liberar Serotonina, que causam um leve bem estar.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Dólar

Estava lendo um livro em que o autor relatava a sua infância feliz. No interior, tomando banho de açude, subindo em árvores, etc. Não tive essa infância travessa que, não só ele como muitos outros autores e amigos falavam. Mal tenho primos fora da cidade e não tenho um refúgio interiorano... Não tenho cicatrizes nos joelhos, tampouco uma boa história de assombração. Pobre menina sem graça, criada na capital!
Infância monótona, não via a hora de crescer. Resultado: cresci, sentindo leveza em cada novidade. Poucas aventuras vividas, porém muitas histórias pra contar, sei ser boa ouvinte.
Sorte de hoje: A mudança é a lei da vida.
É, muita mudança aconteceu de lá para cá. E apesar da minha vida estar sendo devolvida às rédeas, tenho a impressão que algo valioso não foi devolvido. Cadê meu pote de ouro? Algo em mim morreu e quero ressuscitá-lo. Então fico presa às nostalgias, aos porquês... Cada dia, olho-me no espelho bem devagar, reconhecendo aos poucos minha nova face, vendo se me acostumo. Já sobrevivi à mudança de colégio, ao novo corte de cabelo, aos dois números a mais na minha calça jeans... posso sobreviver a mais. Ganho defeitos, perco qualidades, ganho benquerenças, perco o juízo. É uma eterna bolsa de valores. E hoje, quanto vale o dólar?
Como estão as minhas ações? Gerando conseqüências, é a resposta. As conseqüências gerando mudanças. As mudanças gerando a insônia dessa noite.
A noite vem como bálsamo, sabendo que, ao amanhecer, mesmo com as variações da minha bolsa de valores, jamais farei investimentos sozinha!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Vandalismo

Meu coração tem catedrais imensas, templos de priscas e longínquas datas... Assim começam os versos de’ Vandalismo’, Augusto dos Anjos. Só não sei lhes explicar o motivo de eu saber estes versos. Devoro dezenas de poemas e prosas que no final nem sei quem foi que escreveu, mas alguém –provavelmente morto- plantou uma semente em mim. E quando escrevo algo, não sei dizer, ao certo, se aquilo nasceu deveras de mim. São tantos artistas, são mil almas que se agregam a minha. Perdoem-me tantas intertextualidades...
Tentando fugir dos plágios, pensei em mudar o nome do meu blog! Já que o meu é em homenagem à poesia de Mario de Sá Carneiro. Pensei em Vida Desenhada! Não, é parecido com um blog que conheço. Vida Parte Um! Nãão... Vida Após MSN... neem... Chega de tanta vida... que tal... Tamy’s House!
Acho bom não mudar o nome do meu blog... deixa esse mesmo! Vou ler meus textos pra ver se eu faço um plágio de mim! ...No desespero dos iconoclastas, quebrei a imagem dos meus próprios sonhos.

-> Pequena homenagem a alguns blogs que aprecio muito!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Madrugada III

Estamos nós duas, eu e a calada da noite. Calada? Essa noite grita! Pelos amores repreendidos, pela insatisfação divulgada, difusa, dissipada... A noite só se faz calada para aconselhar-me, ela não me propõe solução, mantém-se impassiva, em prosopopéia ela me observa. Parece esperar o próximo passo, debochar de mais uma queda, ou comemorar a minha solidão.
Uma vez um sábio professor me disse que a solidão é boa quando a procuramos, mas não quando nos é imposta. Em qualquer ocasião, preferia estar acompanhada. Hoje, convivo tanto com a ela que já nem me importo mais, tenho total descaso pela solidão. Porém, juro que não receitaria solidão a ninguém, esse medicamento tem diversos efeitos colaterais e raríssimas vezes tem a eficácia funcional desejada.
Já nem sei se falo de solidão ou de estar só, mas é o que no momento mais desejo e mais abomino. E a noite mantém-se muda. O sol não dá resquícios de que quer nascer. Eu não queria almejar noite e dia ao mesmo tempo. Temo querer estar só e acabar sozinha.

(Tamyle Dias Ferraz)

->Caros leitores, tendo em vista minhas consecutivas insônias, bem que vocês podiam me indicar algum remédio pra dormir né?!

domingo, 4 de abril de 2010

Tarô

Sorte de hoje: Trabalhe bastante para ser reconhecido por seus talentos.
Joguei a sorte no tarô, a primeira carta foi A JUSTIÇA. Isso significa que está na hora de colher o que plantei, ou seja, justiça será feita nesse momento de minha vida.
Não sou das mais exotéricas, mas caiu-me bem essa coincidência de fatos – já que toda vez que lia o horóscopo, nunca dava certo- acho justo e um tanto cômico.
Não estou aqui para escrever sobre astrologia, ou algo do tipo, só estou aqui para escrever...
Todo trabalho, cada gesto, é em troca de reconhecimento. Não que estejas à espera de uma manchete de jornal estampado com seu feito, mas espera-se, nem que seja, um ‘obrigado’ com os olhos, ainda mais quando o reconhecimento vem daquele (a) que você esperava. Sentimos cada gota de suor valer à pena.
Pesquisa feita na revista Veja. A principal reclamação dos trabalhadores brasileiros em relação aos empregos: Falta de reconhecimento. A segunda: Baixos Salários (isso é quase um pleonasmo, não é mesmo?)
Por isso peço-lhes que após o almoço, digam às suas mães o quanto a comida estava gostosa e agradeça por seus esforços diários. Saibam ser gratos (as) a cada gesto de pessoas que tentam lhes agradar, mesmo que não diretamente, mas saiba reconhecer. Pois, assim, quem sabe um dia, sua sorte vem com a carta A JUSTIÇA e você recolherá toda a gratidão de volta!

Dica de hoje: Seja grato o bastante para também ser reconhecido por seus talentos.

(Tamyle Dias Ferraz)

quarta-feira, 31 de março de 2010

Madrugada II

Um silêncio tenebroso é quebrado pela minha chave, que balanço insistentemente procurando um ritmo para essa noite pacata. Algumas vozes esporádicas do lado de fora e eu tentando dar voz aos meus pensamentos.
Meia dúzia de palavras com um tempero de eloqüência e o mundo até parecia que estava ao meu alcance. Aprendi com aqueles que desacreditavam em mim. O sininho preso ao galho da minha árvore não balança. Noite sem vento, sem voz, sem vez, e ao invés de eu estar deitada, estou aqui, procurando um pote de ouro que me lembro ter guardado outrora e se perdeu. Tenho de vender algo que não possuo, por isso procuro.
Porque prefiro um caminho desditado ser meu a ser seu. Prefiro chorar as tuas lágrimas.
Deitada no chão, pareço até parte dele. É onde me recolho a minha insignificância. É onde aprendo que meia dúzia de palavras bonitas não são nada sem uma verdadeira essência. É onde descubro que não sabia o que era bondade antes de te conhecer.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Serenata de amor

Segundo alguns psicanalistas, quando se apaixona, você não se relaciona com uma pessoa de carne e osso, mas com uma projeção criada por você mesmo, e a projeção que fazemos é de um ser absolutamente perfeito. Depois de um período a projeção acaba, e você passa a perceber de verdade a pessoa com quem você está se relacionando. Invariávelmente, algumas virtudes do parcero(a) vão embora junto com a projeção, outras ficam. Se o que for de cada um for suficiente pros dois a relação perdura, caso contrário...
Niguém sabe o que faz o ‘botãozinho’ ligar e iniciar uma nova projeção. O amor é inexplicável, mas tem umas coisas que você pode entender.

[Campanha publicitária do bombom Serenata de Amor]

domingo, 28 de março de 2010

Eu que não conheço o outono

Nunca fui a países com 4 estações, mas sei que o outono deixa folhas caídas no chão.
Vi o outono quando olhava o meu jardim, repleto de folhas alaranjadas, ainda com gotículas d’água que mais pareciam brilhinhos de diamante. O cheiro da terra molhada me fez lembrar da época que aquilo, pra mim, parecia chocolate.
Que canto é esse? São os passarinhos brincando. Jurava que, tão cedo, não ouviria esse canto. No ritmo de cidade grande, quem ouve os pássaros cantar? Céu cinza, vai chover mais tarde. Prepararei um calção bem frouxo p’ra tomar banho na bica. Dizem que as lágrimas do céu limpam nossa alma e a minha carece de limpeza também. Que o céu me limpe, pois já vi tanta maldade... Queria brincar nessa terra sem me preocupar com germes e bactérias, com a opinião alheia, sem me preocupar com a roupa que terei de lavar depois. Queria pensar que é tudo chocolate. Queria pensar que essa é uma tarde de outono.

(Tamyle Dias Ferraz)

quinta-feira, 25 de março de 2010

O Abraço

Aniversário: dia de confraternização. Abraços, bolos e cantigas...tudo tão previsível! Exceto um abraço...o abraço mais espontâneo da noite.
Estávamos eu e um grupo de amigos comemorando o aniversário de uma das nossas integrantes.
Fizemos uma parada num posto de gasolina para fazer 'comprinhas', quando menino me abordou. Devia ter uns 5 ou 7 anos, estava todo maltrapilho e cheirava a desinfetante, pois era isso que ele vendia. Quando o vi se aproximando pensei que iria me pedir algumas moedas.
Diante de mim, ele disse algo baixinho, sem ao menos entender do que se tratava, eu já estava respondendo que 'Não' quando ele me abraçou... Sim! Ele me abraçou. Viera apenas pedir um beijo, que não recusei quando senti aqueles braços tão pequenos me envolverem com dificuldade. Um abraço com cheirinho de desinfetante que encheu minha noite de calor.
Esse fora o melhor abraço da noite. O mais espontâneo, frágil, inocente.

(Tamyle Dias Ferraz)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Por você


Eu mudaria
Até o meu nome
Eu viveria
Em greve de fome
Desejaria todo o dia
A mesma mulher...

segunda-feira, 15 de março de 2010

A casa verde

"Era uma pequena casa verde, de portas e janelas brancas. No jardim, pinhão-roxo e pimenteiras. Acho que mora uma velha macumbeira lá... Ao invés de gato preto tem um cachorro branco, que de tão velho já tem a cor de caramelo. No fim da tarde a casa tem cheiro de café, acrescido de outros aromas, talvez lavanda, alfazema e cachimbo... Sim, cachimbo! É o que desconfio... Espio pelo canto da janela aquela casa verde, que tanto me intriga. Será que lá possui um caldeirão? E que tantos doces são esses espalhados pelo jardim. Minha mãe sempre me diz: “Menino, deixa de ser curioso!” Mas a vontade de adentrar aquela casa e desvendar as incógnitas dela, esta não me sai da cabeça."

O menino curioso foi crescendo. Aos poucos perdendo a curiosidade pela casa verde. Se havia uma velha macumbeira lá, ou não, de que lhe importava? Estava criando responsabilidades e assim virou rapaz.
Certa vez, conversando na calçada com alguns amigos, ele viu uma moça aproximando-se. Muito simpática, apresentou-se a todos e sentou-se. Uma jovem tão normal: gostava de rock e filmes de suspense, saía freqüentemente com as amigas e conhecia algumas piadas de baixo calão. O que o impressionara na jovem não fora seus gostos, mas sua residência. A casa verde.
Criando laços de amizade com a moça, o rapaz foi convidado a conhecer sua casa.
No dia da visita, confirmou o quanto fora tolo na infância. Na entrada da casa a imagem da Virgem ao lado de Nosso Senhor Jesus Cristo. Lavanda era o cheiro do seu desinfetante. E a alfazema era a colônia predileta de sua mãe que, por acaso, estava perto do quintal rezando o terço. Nada de caldeirões, livros de feitiços. Uma senhora e sua filha que se tornora sua grande amiga.
Após a saída do rapaz, a mãe voltava a fumar seu cachimbo, que escondera quando ele adentrou a casa... Enquanto isso a jovem lavava seus cabelos cantando: “Eu vi mamãe Oxum na cachoeira, sentada na beira do rio...”

Olhando pela onisciência de um narrador, quem é tão normal?

(Tamyle Dias Ferraz)

quarta-feira, 10 de março de 2010

Madrugada I

Ando de um lado para o outro da casa. Vasculho a geladeira: garrafas de água bem gelada – vai até bem nessa noite tão quente-, algumas maçãs e uma minipizza que venceu mês passado. Nada do que quero está na geladeira... Mas, o que quero mesmo? Bem, ir para os braços de Morfeu serviria, por hora. A madrugada é fascinante, o simples ruído do vento nas telhas parece até uma tempestade: tudo é mais intenso. Inclusive a fome que ‘tento matar afogada’ de tanta água que bebo. Penso em ligar para alguém- ouvir qualquer voz que seja- só para não me sentir sozinha, mas não há quem eu ligue nesse horário que não desligue o telefone na minha cara. Coloco músicas bem baixinhas, para que ninguém da casa acorde. Percebo notas que em outra ocasião não perceberia. As letras têm outros significados e tudo parece mudar quando o dia se veste de preto. Preto. Ausência das cores. Ele faz com que qualquer outra cor se sobressaia. A tela azul do meu computador clareia meu rosto e ofusca a minha visão já cansada. Será o sono chegando? No limite do tédio, resolvo ver antigas fotos. Fico rindo sozinha. Não me lembrava de certas fotografias. Revi a festa mais animada que fui. Meu cachorrinho, que tive quando criança. Isso me fez sentir um carinho maior pelo cachorro velho que tenho agora e que tanto já resistiu. Eu sei que deveria cuidar bem dele, mas nada como senti-lo efêmero para ter mais zelo. A gente só dá valor quando perde, não é isso que diz o ditado? Pera! Começou a tocar a música do meu primeiro amor... nossa, a quanto tempo eu não a ouvia! Deu até pra lembrar o sabor do primeiro beijo (que meu atual não veja isso). A culpa não é minha, na madrugada tudo é mais intenso. Desliguei meu computador. Deitei, revirei e ainda não dormi. Pus-me a imaginar cenas do meu futuro idealizado, do meu passado feliz e do meu presente de insônia torturante. Esse foi o momento em que sonho se misturou com o imaginário, não sabia se estava dormindo ou se dominava meus pensamentos... Desfaleci! Acordei com um zunir na cabeça. Parecia até ressaca. Três! Três dias de insônias consecutivas. Separarei um bom livro pra ler e até deixarei um sanduíche na geladeira. Hoje, a noite está com cara de insônia!

(Tamyle Dias Ferraz)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Narcisismo

"O Alquimista pegou num livro que alguém na caravana tinha trazido. O volume estava sem capa, mas conseguiu identificar o seu autor: Óscar Wilde. Enquanto folheava as suas páginas, encontrou uma história sobre Narciso.
O Alquimista conhecia a lenda de Narciso, um belo rapaz que todos os dias ia contemplar a sua própria beleza num lago. Estava tão fascinado por si mesmo que certo dia caiu dentro do lago e morreu afogado.
No lugar onde caiu, nasceu uma flor, que chamaram de narciso.
Mas não era assim que Óscar Wilde acabava a história.
Ele dizia que quando Narciso morreu, vieram as Oréiadas – deusas do bosque – e viram o lago transformado, de um lago de água doce, num cântaro de lágrimas salgadas.
- Por que choras? – perguntaram as Oréiades.
- Choro por Narciso – disse o lago.
- Ah, não nos espanta que chores por Narciso – continuaram elas.
- Afinal de contas, apesar de todos nós sempre corrermos atrás dele pelo bosque, tu eras o único que tinha a oportunidade de contemplar a sua beleza.
- Mas Narciso era belo? – perguntou o lago.
- Quem mais que tu poderia saber disso? – respondera, surpresas as Oréiades. – Afinal de contas, era nas tuas margens que ele se debraçava todos os dias.
O lago ficou algum tempo em silêncio. Por fim, disse:
- Eu choro por Narciso, mas nunca tinha percebido que ele era belo.
“Choro por Narciso, porque todas as vezes que ele se debraçava sobre as minhas margens eu podia ver, no fundo dos seus olhos, a minha própria beleza reflectida.”"

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Só sentir

Não foi um corpo atlético que me fez te olhar.
Tu não fazes parte da minha projeção.
Não foram gostos e afinidades que nos uniram.
Por isso, fico feliz por não saber o motivo de estarmos juntos.
Isso é sinal que há algo maior que nos aproxima.
Talvez a força de um sentimento que ninguém sabe descrever ou explicar, tampouco eu...
Apenas espero que dure esse magnetismo que nos uni, sem termos nada em comum.
Estamos confirmando uma lei física que diz que sinais opostos se atraem.
Então, não penso em lutar contra a física, contra um sentimento,
ou o que quer que seja.]
Estou aqui para ceder e para afirmar minha pequenês de não precisar entender tudo e compreender que, as vezes, o necessário é só sentir.

(Tamyle Dias Ferraz)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Oceano no peito

Disseram-me que quero abraçar o mundo,mas tenho braços pequenos. Sei que não são tão grandes e que não consigo acariciar a todos,porém digo-lhes,tenho tanto calor em meus braços! E esse mesmo calor contagia quem já abracei e estes sentem inevitável necessidade de abraçar também.Em meu coração não sinto-me uma gota,mas um oceano inteiro! Sempre assim.. COMPLETA!
Minha vontade é que todos pudessem sentir um dia este oceano,com ondas fortes e veementes. Sinto o mundo como um ser em que posso conquistar,abraçar...
Queria que todos fossem como eu e tivéssemos a certeza de que sozinhos nada somos,mas juntos podemos ajudar o mundo, aquele amigo,aquele ser.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Metal contra as nuvens

E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.



->Música extensa, válida pra diversas fases da nossa vida.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O melhor de Bozena

• [Bozena]: Uma vez lá em pato branco eu fui numa casa de um senhor daí eu senti de longe um cheiro forte de enxofre...
[Celinha]: e o que era Bozena??
[Bozena]: Não sei, não perguntei...
• [Bozena]- Igual um garoto lá em Pato Branco, o piá comprou um creme para espinhas foi para o banheiro, se enfiou lá dentro e sumiu dái!
[Todos perguntam]- E o que aconteceu?
[Bozena]- Não sei, meu pai era brigado com a família dele e nunca perguntou.

• [Bozena]: Lá em Pato Branco aconteceu um fato que todo mundo se lembra até hoje...
[Celinha]: O que que aconteceu?
[Bozena]: Não lembro, esqueci dái !
• [Bozena]: Lá em Pato Branco tinha uma mulher que tinha um segredo.
[Celinha]: Que segredo, Bozena?
[Bozena]: Não sei, era segredo daí.
• [Bozena]: lá em Pato Branco tinham duas garotas que nao se desgrudavam um minuto
[Arnaldo]: e por que bozena?
[bozena]: é porque o pai de uma das garotas tava fazendo cola e uma tropeço no balde e a otra foi junto que.
[Celinha]: Como que Bozena, já disse que nao dá pra terminar frases com que
[bozena]Claro que dá que. mas é por isso que se diz lá em pato Branco se a amizade é profunda o teu pé na cola afunda

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pensamento, ou melhor, sentimento

( ) Penso, logo existo[...]


ou seria


( )Sinto, logo penso[...]

Nostalgia

Hoje fui ao trabalho do papai, brinquei de ficar rodando em sua cadeira, sabe, não tem mais graça, fiquei tonta! Coloquei ‘xuxinhas’ no cabelo, não ficou gracioso como ficava outrora. Minha mãe estava me contando suas travessuras de infância, era um vandalismo tão ingênuo, diferente dos que conheço. Então, ela me perguntou: O quê você vai contar para os seus filhos?

Achei um fio branco na minha cabeça ainda tão cheia de cabelos escuros. Isso é paranóia? Não, é reflexão. Meu olhar ficou tão sério, de repente. Meu corpo mudou tão rápido. Cadê aquele doce sorriso que me lembro ter dado na infância? Ficou nas fotografias, ou talvez em um espelho qualquer...

Hoje estava revendo fotografias, aquelas velhinhas, de momentos felizes que QUASE caíram no esquecimento, pude ver o que era tão óbvio e ninguém percebia, o sorriso ingênuo, o olhar inocente de pessoas que eram felizes e não se davam conta o quão fora importante cada momento de suas vidas...

Cada momento...Ah! Se pudéssemos guardar tudo em fotografias de sensações; o primeiro beijo, o gosto do sorvete, o cheiro do rapaz amado...Ah, se tudo ficasse guardado numa caixinha, com uma linda fita azul e que a qualquer momento eu pudesse reabri-la e reviver tudo com mesmo sabor da primeira vez!

(Tamy Di Ferraz)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A

“O sol nasce todos os dias e traz consigo a esperança de um pôr-do-sol ao teu lado...” (Ele)


Hoje, acordei com uma sensação que me invadiu sem pudor. Tive a impressão de acordar ao teu lado, como se estivesses zelando o meu sono e fugisses assim que percebera que eu acordara. Fechei os olhos, abri devagar, para saber se sentiria aquela sensação novamente. Não senti, não. Ela foi única. Fechei os olhos novamente, a fim de encontrar-te, dessa vez nos meus sonhos. Não consegui sonhar. Fiquei deitada na cama por mais alguns minutos. Por que começar o dia já sentindo saudades suas? Levantei. Tomei um banho bem demorado, cantei no chuveiro, não importa se eu não sei cantar... Minha felicidade precisava ser dissipada. Varri a casa, dancei com vassoura e só então percebi a importância dessa saudade matutina. Tua saudade não é ausência, mas sim uma presença, um vestígio teu no meu dia, no meu cantar, no meu dançar, é a prova de queres estar no meu pensamento...

...E em cada pôr-do-sol, espero a noite, à espreita, na esperança de amanhecer mais uma vez ao teu lado! (Ela)

(Tamyle Dias Ferraz)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Homens... ah homens!!!!

Homens legais são feios.
Homens bonitos não são legais.
Homens bonitos e legais são gays.
Homens bonitos, legais e héteros estão casados.
Homens não tão bonitos mas legais não tem dinheiro.
Homens não tão bonitos mas legais e com dinheiro acham que só estamos atrás do dinheiro.
Homens bonitos, não tão legais e razoavelmente héteros não acham que somos bonitas o bastante.
Homens que não nos acham bonitas, que são razoavelmente legais e que tem dinheiro são uns galinhas.
Homens que são razoavelmente bonitos, razoavelmente legais e tem algum dinheiro são tímidos e nunca tomam a iniciativa.
Homens que nunca tomam a iniciativa, perdem o interesse, automaticamente, quando nós tomamos a iniciativa.


Algumas verdades sobre o sexo oposto, só algumas...

Pimenteira

Não havia percebido que fazia tanto tempo que eu não parava pra olhar o céu, vejo que ele não mudou, mas minha pimenteira, como cresceu! Esqueci como é divertido imaginar formas nas nuvens. O tempo passou e quantas folhas estão caídas no meu quintal. Foram tantas mudanças, por que minha vida parece ter ficado estática? Logo eu, que propalava o jeito de viver simples, as pequenas coisas, não enxergava uma imensidão azul acima de mim. É estanho olhar para trás e não ver caminho andado, o tempo não passou ou passou tão rápido? Não é tempo de colheita, mas de semear. Talvez tantas horas trabalhando sentada resultem em dias na minha caminhada. E, se não resultarem, o que vale é o topo ou a paisagem do percurso? Mais uma vez o tempo me dará a resposta, ele nunca me deixou sem uma. Hoje, quero não perder o preciosíssimo tempo que tenho e, para que isso não aconteça, ficarei mais uma horinha olhando para esse formidável céu azul.

(Tamyle Dias Ferraz)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sorria ¬¬'


Sorte de hoje: Sorria. Isso basta
É só o que tenho feito e o que aprendi com isso???
Que dá pra enganar com um sorriso...
E ainda receber elogios
Recomeçar....
Isso devia ser bem fácil
Menos doloroso
Mais técnico
A lágrima
Devia ser doce
Mas seu sabor
Condiz com a dor que causa
Tentarei não chorar mais
Tentarei sorrir
Não é melhor assim?
Todo mundo acredita, e ai fica tudo bem...
Não prometo resultados
Promento tentar ...
(Tamyle Dias Ferraz)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O mundo começa agora, apenas começamos...


Eu, que sempre me acho tão madura e tão sabe-tudo, tive que aprender tanto com vocês e aprendi. Sabe, quando as conheci pensei: Não é pra eu ficar triste pensando na nossa separação, ainda temos tanto tempo juntas. É, de fato, teríamos, em média, uns 5 anos juntas. Pensei que demoraria, mas não demora não. Passa tão rápido! Um dia você conta os meses, depois as saídas juntas, depois você conta os anos...
Nossa! Assusta-me pensar o que vai ser daqui pra frente, o futuro parece ser tão incerto. Durante esse período nos conhecemos, desconhecemos, brigamos, choramos, rimos( isso em demasia), hoje nem sei mais com quem convivo, mas essas meninas que estão comigo a tanto, mesmo sabendo tão pouco, são as que mais sabem de mim. Sei que num presente de amigo secreto elas nunca errariam. É, são essas coisinhas que as fazem ser tão especiais. Sei sim, vejo isso toda hora, que as encontro em todo traço do meu dia. Quando escrevo uma redação e não consigo errar. Quando vejo um violão. Quando arrumo meu cabelo ou quando ‘tô largada’. Não tenho medo de perdê-las, pois estão dentro de mim, quando eu me perder de vez, somente assim, conseguirei as esquecer. E o tempo? Só ajuda a perceber o quanto precisamos uma da outra. Isso é nítido, veja nossas fotos, os sorrisos são sinceros todos os anos, com todas as desavenças, com todas as mudanças. Porque aprendemos que é sempre importante perdoar e pedir perdão. Amo-as!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Sabe o que é?

O que eu faço pra poder te ver? Fujo da escola,você vem me buscar...é que eu preciso te contar as tantas sensações que tive quando nos vimos na última vez. Fazia tempo que eu não me sentia assim e eu queria saber se suas mãos suaram iguais as minhas.

O que eu faço pra poder te ver? Foge do trabalho, vem me buscar... não espera o próximo fim de semana, quero te ver na próxima hora, já perdemos tanto tempo e eu não quero perder mais um minuto. Aqui eu respiro tão devagar. Sabe o que é? Porque dizem que a vida não é quantas vezes a gente respira, mas aqueles momentos em que perdemos o fôlego...


(enviando mensagem...)

- Com licença, professor, posso ir ao banheiro?


(Tamyle Dias Ferraz)

domingo, 24 de janeiro de 2010

Sina

Primeiro
Simétrico
Complexo
Melhor
Insubstituível
Surpreendente
E, infelizmente
Inesquecível...
A cada
Próxima vez
A esperança
Da amnésia
E na maioria
Das vezes
A decepção

Mais uma vez
O gosto
(Esse desgraçado)
Reaparece
Provando-me
Que o tempo
Passa, passa
Mas
Lembro e relembro
Articulo
E o jeito?
Ainda
Está aqui

Dormindo
Parece esperar
Mais uma
Próxima vez
Que já foi
Freqüente
E agora?
Não existe
Não mais
Não pode existir
Não quero que exista.



Tamyle Dias

sábado, 16 de janeiro de 2010

Desculpa!

Tenho fugido muito: das pessoas, de confusão, do meu passado, do meu blog...sabe aquela idéia de fugir do mundo pra querer se encontrar? É, será que funciona? Não custa nada tentar! Durante essa minha introspecção escrevi muita coisa, que saco! não dava mais que três ou cinco linhas... Sabe o que é? É essa ausência de linhas, de respostas e ,quem sabe até, de perguntas. Mais uma vez, aqui estou eu... não escrevendo mais que cinco linhas!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O que eu também não entendo (mas queria entender)

Essa não é mais uma carta de amor
São pensamentos soltos
Traduzidos em palavras
Prá que você possa entender
O que eu também não entendo...

Amar não é ter que ter
Sempre certeza
É aceitar que ninguém
É perfeito prá ninguém
É poder ser você mesmo
E não precisar fingir
É tentar esquecer
E não conseguir fugir, fugir...

Já pensei em te largar
Já olhei tantas vezes pro lado
Mas quando penso em alguém
É por você que fecho os olhos
Sei que nunca fui perfeito
Mas com você eu posso ser
Até eu mesmo
Que você vai entender...

Posso brincar de descobrir

Desenho em nuvens
Posso contar meus pesadelos
E até minhas coisas fúteis
Posso tirar a tua roupa
Posso fazer o que eu quiser
Posso perder o juízo
Mas com você
Eu tô tranquilo, tranquilo...

Agora o que vamos fazer
Eu também não sei
Afinal, será que amar
É mesmo tudo?
Se isso não é amor
O que mais pode ser?
Tô aprendendo também...


(jota quest)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Sapato Velho

Você lembra, lembra? Eu costumava rir por tudo. Deliciava-me em sentir a fresca após o almoço. Quantas horas ainda teria de aguentar? 3 horas? 6horas? Não pensava nisso não! Podia ser árduo o trabalho, mas haveria sempre alguém para me fazer rir da maior tolice do mundo. A dança mais louca, a risada mais estridente, tudo isso era tão normal. Hoje colecciono cantigas, segredos e lembranças. Pude ver o amor nascer, gradativamente. Pude ver o bem-querer mais espontâneo e gratuito...pessoas se gostando sem maldade ou competição! Sei que não sou mais veloz como os heróis...mas comigo tenho mil sonhos e por eles roubo manhãs e luas...
É, meu sapato ficou velho de tanto rodar por estas esquinas, que tanto me cansaram, mas que trarão saudade!

(Tamyle Di Ferraz)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Bem no fundo

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas

(Paulo Lemisnk)