segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

De janeiro a janeiro

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Janeiro é para muitos o mês das férias. Depois que ingressei em uma universidade bastante apta a greves, isso não se tornou regra. Além de acordar mais tarde e poder ir à praia em dia de semana, janeiro não representava nada demais para mim. Mas as coisas não são mais do que o significado que damos a elas. Quando temos certa paz de espírito o tempo costuma correr um pouco mais depressa, e olha só, já se passaram “dois janeiros”. Que mais parecem ser vizinhos, mas entre eles há vinte e quatro meses, cada um com uma média de trinta dias e minha matemática acaba por aqui. Porque as coisas do coração não são exatas...

Antes tinha tão pouco a dizer, e hoje sei tão pouco expressar, mesmo já tendo um livro de histórias completo na cabeça, cheio de detalhes, de feitiços, mas que não posso revelar. Aprendi que podemos conhecer alguém novo, na mesma pessoa e quantas vezes for necessário. Percebi que é fácil desejar teu beijo a cada minuto, chorar de saudade, arder de desejo e que difícil é conviver com os defeitos, respeitar o limite e o tempo, descobrir um tipo de sorriso ainda não visto... e essas coisas é que separam uma paixão de um verdadeiro relacionamento.

De um janeiro a outro descobri que te amo, mesmo não sentindo sua falta todo dia, mesmo respirando devagar. Porque sei que te encontro todos os dias dentro de mim, que meu desejo não se consome de vez, mas se multiplica, porque sei que respirar devagar oxigena o coração, não o faz bater mais rápido, faz bater melhor. Por te encontrar em cada parte do meu dia, não preciso me desesperar em tê-lo por completo. Quero ter sempre a certeza de que mesmo com tanta coisa já vista e vivida, exista sempre um novo a se revelar. Algo inteiro, formado por dois complexos.

Hoje, Janeiro é para mim o mês das férias, o mês dos namorados, o mês do primeiro beijo, o mês da minha maior decepção, o mês que eu descobri um novo significado para a palavra felicidade. Dois anos amor, como você me aguenta?

“Que o nosso amor não será passageiro
Te amarei de janeiro a janeiro
Até o mundo acabar.”

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Café

Os dois abraçaram- se apertado, com vontade de não mais soltar. Os lábios balbuciavam um beijo, que nenhum dos dois tivera coragem de roubar. Fitaram-se, prometeram por milhões de vezes se reencontrarem. Se houvesse segurança na promessa que faziam, não havia necessidade de repeti-la milhões de vezes... Ela passou pela porta, quis voltar, mas seguiu em olhar para trás.
No dia seguinte, ela olhava para o mesmo local da despedida, tentando sentir a mesma sensação. Sentiu apenas um vazio, percebeu que foi a última vez.
Não quis chorar, era cedo demais. Fez um café bem forte e esvaziou a xícara como quem o esvaziava da memória.