terça-feira, 28 de setembro de 2010

O nascimento do Amor

Uma música conhecida pela sua beleza na composição, sem tirar também o mérito de seus cantores que a entoa tão bem, é Meu Eu em Você, de Victor e Leo.
Em certo trecho da música ele canta: “Sou teu tudo, sou teu nada.”
Muitos podem pensar “Que tolice essa contradição”, talvez o ‘nada’ só esteja ali para rimar com ‘amada’ no verso seguinte. Porém, talvez, poucos tenham entendido a plenitude de tal afirmação. Rapidamente, fui tragada ao momento em que ouvi o mito grego sobre o nascimento do amor, mito esse que tentarei reproduzir:

Após o nascimento de Afrodite, os Deuses do Olimpo se reuniram para um banquete. Nele também estava Poros [Riqueza], filho da Sabedoria. Pênia, a Pobreza, apareceu no fim da festa para mendigar os restos do banquete. Poros se embriagara e dirigiu-se ao jardim de Zeus, Pênia o seguiu, aproveitou-se da oportunidade, deitou-se com ele, e juntos conceberam o Amor.

O Amor seria então filho daquela que dá tudo de si, para alguém que tem tudo e não quer nada...

“Condenado a uma perpétua indigência, está longe do requinte e da beleza que a maior parte das pessoas nele imaginam... Rude, miserável, descalço e sem morada, estirado sempre por terra e sem nada que o cubra, é assim que dorme, ao relento, nos vãos das portas e dos caminhos: a natureza que herdou de sua mãe fez dele um inseparável companheiro da indigência. Do lado do pai, porém, o mesmo espírito ardiloso em procura do que é belo e bom, a mesma coragem, persistência e ousadia que fazem dele um caçador temível.” ¹


¹ Platão. O Banquete. Maria Teresa Nogueira Schiappa de Azevedo. Lisboa: Edições 70, 2001, pp. 71-2)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Família Saúde IV

-Mãe, por que Tamyle e não Tamires...? O que custa escrever um nome que todo mundo conhece. Um nome mais simples.
- É verdade... devia ter colocado o seu nome de Mariá...
-Mariá? Pra quê esse ááá... por que não só Maria?
-E que tal Bruma?
- Com ‘M’? Ah, mãe, esquece...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sem direção

Andava pelas ruas molhadas. Ela sabia o caminho de cor, mas parecia que estava perdida. Lábios pintados de rosa. Encontra uma vizinha, faz um bico enorme, solta um beijo. Riso forçado, piada preparada, ela estava blefando.
Chegou a casa, trancou-se no quarto e chorou. Talvez sejam as baixas taxas de hormônio decorrentes do período pré-menstrual...


- Não, narrador, basta dizer que é tristeza.

Jamais subestime uma lágrima. O homem é o único ser vivo capaz de chorar por emoção. Tolice para quem olha, um mar no peito pra quem chora.
Enxuga a lágrima, retoca o batom. Sua vontade é de tirar a calça jeans apertada, tirar todas amarras dessa vida, toda censura e andar mais uma vez por estradas que conhece de cor, mas fingindo que não tem direção.


Brígida Lobato

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Menina

Estava tudo revirado. Culpa do Zeca Baleiro.
Mosaico. Era bem isso que parecia. Retalhos brancos, azuis, verdes, em forma de coração, com cheiros e adesivos. Eram minhas cartas, que recebi com tanto apreço e que, por pouco, perdi.
Traças! Por medo de perdê-las totalmente, publicarei algumas com a autorização dos devidos remetentes. Espero que gostem!


... em sua cabeça, tudo funciona tão certo. Não há contradições no seu mundo. Dá pra sentir a leveza dos seus pensamentos e a firmeza de sua postura. Dá pra ver a maturidade outorgada, que bateu na porta anos antes do que deveria.
A doçura no seu comportamento me faz ansiar vê-la mulher, estar diante da criatura que ela se tornará. Assim espero ver: um mundo de possibilidades que lhe é bem típico. A esperança gratuita que ela deixa transbordar.
Menina que não é apenas menina, parece ser a junção dos meus sonhos e dos meus temores, dos mistérios que fazes questão de ter e que faço questão de desvendar...
[...] Tamy, essa é a minha menina que estou apaixonado. É grande a diferença de idade, o que faço?

[A. Jota]



Caro A. Jota,

Se por essa menina vale o risco de ser preso... pode cair pra dentro...
rsrs

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

E se o Sol não existisse?

“Sinto falta de você e a palavra que me cura ninguém vai dizer, cada coisa que eu consigo quero dividir contigo...”

Não sou fã de sertanejo, mas tenho um apreço por essa música. Ela é romântica, mas sempre achei que os maiores amores que vivemos são pelos nossos amigos. Não posso generalizar, essa é uma opinião bem particular. Arrancar meus amigos de mim é como fazer parte de minha vida perder o sentido. É acordar e não saber o que fazer. É querer escrever uma história sem personagens. Não, minha vida não serve de monólogo.

"Em todos os cantos, o nosso canto se ouvia, e hoje o céu aparece nublado, as minhas manhãs não têm a mesma cor, as minhas tardes não têm o mesmo sabor... E nós que antes ríamos daquela pergunta, hoje sabemos o que é viver com a ausência de sol."