domingo, 7 de novembro de 2010

Gaveta

Sentia-na cada vez mais distante. Eram sempre tantos motivos que, no fundo, ele achava que não havia motivo algum. Aquela dança estranha, cheia de lágrimas e incógnitas, ele sabia que isso tudo significava algo, mas não conseguia entender. Seria falta de flores ou chocolate? Não, ele sabia que falta de algo bem mais difícil, algo que ele pensava dar em abundância, mas que, por algum motivo, não era mais suficiente.
Ela deixou um vazio bem maior do que o das duas gavetas da cômoda e um cantinho para sapatos no guarda roupa. Cada relação é feita de altos e baixos, mas como identificar o que é baixo e o que é fim?
Ele pensava que tudo era fácil...
É bem mais que um encontro semanal.
mais que uma ligação durante a noite.
mais que um presente no dia doze.
é bem mais que uma vida: são dois corações.
E agora? O que fazer enquanto o sonho escorre entre os dedos? São grãos tão finos, impossíveis de ser contidos. O que se sabe é que é possível salvar um punhado na palma da mão.
Parou e pensou se era realmente aquilo que queria: apenas um punhado.
Sentou e esperou enquanto olhava as gavetas, na angústia de saber se queria correr e procurá-la, ou se preencheria a gaveta com velhas fotografias.

3 comentários:

  1. Gostei do texto, embora ele passe algo triste, finito...
    Lembrei-me de Vinicius :|''De repente não mais que de repente
    Fez-se de triste o que se fez amante
    E de sozinho o que se fez contente
    ''

    ResponderExcluir
  2. Poxaaa cadê o amoor que ele deveria dar para a moçaaa! Ela já sentia isso na ultima dançaa!

    ResponderExcluir

E então???