segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Clichê

Hoje meu dia amanheceu com cores. Vi através dos vitrais da minha janela. Essas cores eram os lençóis, com cheirinho de amaciante, que minha mãe estendia no varal. É tão bom ver o sol depois dos dias cinza da Capital. Eu costumava adorar tempo chuvoso, isso na época em que eu estava de férias, que eu ficava debaixo de uma coberta assistindo desenho. Para quem tem necessidade de sair cedo para trabalhar não vê graça em dia de chuva. Para quem tem uma casa para zelar, chuva é sinônimo de empecilho: as roupas nunca secam direito, as limpas ficam com cheiro de mofo e sempre faz lama na porta da sala. Cheguei à conclusão que chuva não é bom para quem tem responsabilidades, só para aqueles que têm a dádiva do tempo livre para aproveitá-la, quem sabe até tomar um banho. Dizem que limpa a alma e dá resfriado. Prefiro meu bom e amado Sol, aprendi a apreciá-lo por ser antônimo de chuva.

Hoje meu dia amanheceu com cores, apesar de não ter visto Iris faz tempo. É bom ter caído doente para lembrar o privilégio que é estar saudável. Ver cinza para lembrar das cores, emagrecer e depois lembrar sabores, cheiros, beijos... Infelizmente somos humanos ao ponto de precisar sentir falta para reconhecer. Seria mais fácil se fossemos gratos por tudo, mas talvez perderíamos a vontade de querer mais. Perdida nesses pensamentos, só reafirmo o meu clichê que é preciso se perder para poder se encontrar.

6 comentários:

  1. Só a morte nos liberta da vontade de querer sempre mais.


    Já dizia um alemão importante que o pessoal costuma ler por aí...

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  2. Sinto-me de alguma forma homenageada neste texto, nem sei se foi a intenção, mas é que alguém me disse um dia desses: ''você é Íris, dona das cores.'' Eu sou a íris, e você sabe onde encontrar-me.



    ''te invejo por ter um amigo como eu que te inveja tanto. Espero que a recíproca seja verdadeira, seu invejoso." (Otto Lara Resende)

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  3. "se perder para poder se encontrar" Eu andava perdido nesses sonhos ruins, e acordei e me encontrei nessa realidade louca...mas me encotrei comigo mesmo...

    Belo texto, belo estilo, bela escritora, bela pessoa e bela amiga...Seu escritos são formidáveis! Parabéns

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  4. O comentário do Gustavo me fez lembrar uma música:
    ''Sonhei que as pessoas eram boas
    Em um mundo de amor
    Acordei nesse mundo marginal...''


    Bem, no resto da música há um olhar que faz tudo valer a pena. (Creio que deveria ter ido ao ''folha do bosque'' fazer este comentário).

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  5. Naiana, tá bom aqui mesmo, obrigado por comentar meu comentário(metacomentário)...hehehe...bjs

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E então???