quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Tom

Mais uma vez saí de casa atrasada e perdi o ônibus. Estou aqui sentada na parada me vendo obrigada a pensar na vida.
Acho que a gente perde dom quando deixa de achar novidade nos pequenos desencontros da vida. Quando uma fuga da rotina passa a não ter importância, ou até mesmo as coisas importantes não são dignas de serem contadas.
A gente perde o dom quando pensamos sempre o mesmo pensamento, ou quando só reproduzimos o pensamento de outrem. Acho que perdemos o dom quando deixamos de ser criança, no pior sentido da palavra.
Acho que não perdemos o dom, mas sim o tom; quando saímos do nosso ritmo natural, tentando alcançar notas maiores do que nossa garganta consegue suportar.
Sem saber exatamente o quê, alguma coisa desanda, desafina, desalinha. E as vezes precisamos parar, reaprender a respirar e começar uma nova canção...





Dedicada àquela pessoa que percebeu minha desafinação,
espero que você também encontre seu tom.

3 comentários:

  1. Uma desafinação ou outra é bom pra fortalecer a vontade de ser mais.

    Muito bom!!!

    Um abraço poeta!!!

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  2. "...Que no peito dos desafinados
    No fundo do peito bate calado
    Que no peito dos desafinados também bate um coração..."

    Eu tinha que lembrar dessa música.

    Quando o tom é alto pra voz nem é preciso mudar de música. Muda o tom da música que se quer cantar, faz a tua versão, canta do teu jeito, dentro dos teus limites (vocais ou não).
    Dom nunca se perde e o tom se muda de acordo com o desejo de quem (te) (en)canta e de quem (te) toca.

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  3. Querida amiga

    O tempo
    as vezes
    nos rouba a canção,
    que desejaríamos ainda
    cantar...


    Que os sonhos te habitem
    o coração, sempre...

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E então???