segunda-feira, 15 de março de 2010

A casa verde

"Era uma pequena casa verde, de portas e janelas brancas. No jardim, pinhão-roxo e pimenteiras. Acho que mora uma velha macumbeira lá... Ao invés de gato preto tem um cachorro branco, que de tão velho já tem a cor de caramelo. No fim da tarde a casa tem cheiro de café, acrescido de outros aromas, talvez lavanda, alfazema e cachimbo... Sim, cachimbo! É o que desconfio... Espio pelo canto da janela aquela casa verde, que tanto me intriga. Será que lá possui um caldeirão? E que tantos doces são esses espalhados pelo jardim. Minha mãe sempre me diz: “Menino, deixa de ser curioso!” Mas a vontade de adentrar aquela casa e desvendar as incógnitas dela, esta não me sai da cabeça."

O menino curioso foi crescendo. Aos poucos perdendo a curiosidade pela casa verde. Se havia uma velha macumbeira lá, ou não, de que lhe importava? Estava criando responsabilidades e assim virou rapaz.
Certa vez, conversando na calçada com alguns amigos, ele viu uma moça aproximando-se. Muito simpática, apresentou-se a todos e sentou-se. Uma jovem tão normal: gostava de rock e filmes de suspense, saía freqüentemente com as amigas e conhecia algumas piadas de baixo calão. O que o impressionara na jovem não fora seus gostos, mas sua residência. A casa verde.
Criando laços de amizade com a moça, o rapaz foi convidado a conhecer sua casa.
No dia da visita, confirmou o quanto fora tolo na infância. Na entrada da casa a imagem da Virgem ao lado de Nosso Senhor Jesus Cristo. Lavanda era o cheiro do seu desinfetante. E a alfazema era a colônia predileta de sua mãe que, por acaso, estava perto do quintal rezando o terço. Nada de caldeirões, livros de feitiços. Uma senhora e sua filha que se tornora sua grande amiga.
Após a saída do rapaz, a mãe voltava a fumar seu cachimbo, que escondera quando ele adentrou a casa... Enquanto isso a jovem lavava seus cabelos cantando: “Eu vi mamãe Oxum na cachoeira, sentada na beira do rio...”

Olhando pela onisciência de um narrador, quem é tão normal?

(Tamyle Dias Ferraz)

6 comentários:

  1. Qualquer semelhança é mera coincidência...

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  2. Não entendeu o post ou o comentário? O.o

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  3. As aspas do primeiro parágrafo apontam para qual autor?
    Eu lembrei do episódio do Chaves que eles imaginam como seria a casa da Bruxa do 71...
    (risos)

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  4. As aspas é como se fossem os pensamentos dele quando criança, um descrição infante da casa. O Narrador está na 3ª pessoa, e no treicho com aspas ele está na 1ª pessoa. Eu fiz pra não confundir... mas acabou confundindo, né? (risos)
    poxa! Eu amei esse episódio do Chaves *-*

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  5. Qualquer semelhança é mera coincidência (2)

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E então???