Era fim de festa. Elas estavam sentadas na beira da calçada em frente ao restaurante. Pareciam estar de ressaca, mesmo sem ter colocado uma gota de álcool na boca. Era só cansaço, apenas isso. Festa agitada, farta, elas dançaram muito e agora estavam ali sentadas, depois que todos os convidados se foram.
Cabeças encostadas uma no ombro da outra. Seus olhos fitavam o céu que estava pouco estrelado, escondido por nuvens de chuva que se formavam. Como de esperado, começou a chover. Pingos fraquinhos, engolidos pelas três moças que colocavam as línguas de fora, tentando descobrir o sabor que a chuva tem.
Atrás delas aquele vão vazio, outrora lotado de bem quistos e conhecidos. Juntas concluíram: No final, sempre restam nós três...
Eram três meninas-moças, sem a menor noção do que quer dizer ‘sempre’, mas lá no fundo a certeza de que aquela cena seria freqüente e a incerteza de que aquele momento seria eterno, e foi. É relembrado cada vez que elas se encontram sozinhas, ao redor de uma árvore com seus nomes encravados, olhando estrelas, apelidando constelações, tentando achar narizes no escuro.
Quatro anos se passaram depois daquela longa noite... E hoje minha imaginação ganha mais um ano de vida. Te moldei, te mudei, tu me mudaste e me confundiste e já não sei onde termino e tu começas. Vidas entrelaçadas impreterivelmente pelos gostos tão comuns que mesmo sem te conhecer, tu estarias em mim. És a loucura, linha tênue que separa razão e emoção. Sempre dissemos que és nosso equilíbrio. És bem mais. Um heterônimo que deu certo, és as cores, a deusa da anunciação, a dona do sorriso mais encantador, detentora do conselho mais fraternal.
Apenas juntas podemos ser constelação, uma história gostosa de ler. Podemos ser Marias, três Marias que formam um coração. Mais do que nunca acredito na nossa promessa infante de que no final SEMPRE restará nós três...
Parabéns Íris, SEMPRE irei te amar.